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04 Mar 2016
Dias de Estudo em Santiago inauguram programas públicos da 32ª Bienal
Desenho de Pilar Quinteros
Desenho de Pilar Quinteros ©Cortesia da artista
Os Dias de Estudo em Santiago enfocarão cosmologias e relações entre arte e ciência, mito e história de uma perspectiva do tempo presente. Evento público em 12 de março no Museo de la Memoria y los Derechos Humanos.

Os Dias de Estudo - Santiago inauguram os programas públicos da 32ª Bienal de São Paulo e são organizados pela Fundação Bienal de São Paulo em colaboração com o Consejo Nacional de la Cultura y las Artes - CNCA. Dias de Estudo posteriores ocorrerão em Acra, Lamas, Cuiabá e São Paulo, e serão dedicados à pesquisa, intercâmbio e discussão pública de temas relacionados à 32a Bienal de São Paulo.

Os Dias de Estudo incluem viagens de campo a centros culturais, comunidades tradicionais, reservas ecológicas, ateliês de artistas e centros de pesquisa, bem como conferências abertas ao público, incluindo palestrantes convidados e profissionais locais de diferentes trajetórias e disciplinas. Os encontros são propostos para promover um intercâmbio entre proponentes e agentes dos projetos das regiões e para propiciar a base para um diálogo que busca desenvolver modos de pensar e criar juntos.

O evento público dos Dias de Estudo – Santiago “Cosmologias de Inícios e Fins (e de Meios, Também)” enfocará cosmologias e relações entre arte e ciência, mito e história de uma perspectiva do tempo presente. O programa público no dia 12 de março inclui apresentações de Yann Blanc Chateigné, Pierre Huyghe, Pia Lindman, Jacinta Arthur, Macarena Morales, Pilar Quinteros e dos curadores da 32ª Bienal, Jochen Volz e Lars Bang Larsen. O Dia de Estudo em Santiago do Chile é realizado com o apoio do Consejo Nacional de la Cultura ya las Artes, do Museu de la Memoria y los Derechos Humanos, da Galeria Gabriela Mistral e da Frame Visual Art Finland.

Com o título de Incerteza viva, a 32ª Bienal de São Paulo se concentra em noções de “incerteza” e “entropia” para refletir sobre as condições atuais da vida em tempos de mudança constante e as estratégias oferecidas pela arte contemporânea para abrigar ou habitar a incerteza. A exposição, sob curadoria de Jochen Volz juntamente com os co-curadores  Gabi Ngcobo (África do Sul), Júlia Rebouças (Brasil), Lars Bang Larsen (Dinamarca) e Sofía Olascoaga (México), será realizada de 7 de setembro a 11 de dezembro de 2016 no Pavilhão Ciccillo Matarazzo, destacando aproximadamente 90 artistas e coletivos.

  

Um marco conceitual para os Dias de Estudo Santiago

Um mundo sem exteriores: nenhum habitat não poluído, poucos limiares nos quais a sociedade possa se refazer contra as forças de exploração, nenhuma utopia. À medida que as forças da globalização comprimem o tempo e o espaço, parece que a própria história é atraída ao redor do ponto central fixo de nossa contemporaneidade. A história não é mais vista como resultado de dialética mas se desenrola dentro de redes.

Como abrir tempo e espaço? Uma cosmologia pode ser vista como o exercício de uma imaginação – realista ou irrealista – do cosmos e de nosso lugar dentro dele. É uma ecologia da consciência tanto quanto uma ecologia do mundo. Cosmologias são propriedade da ciência e da religião, bem como de artistas e crianças. Nesse espírito, Dias de Estudo - Santiago propõe dois conceitos – um relativo ao espaço, outro ao tempo, – como eixos para essa discussão: ecologias e xenocronia.

A obra de pensadores como Humberto Maturana e Francisco Varela abre-se para uma compreensão ecológica de como a cultura humana está indissoluvelmente co-implicada com influências não humanas. Essas configurações humanas/não-humanas também abrangem a interação de coisas e organismos naturais e tecnológicos: bactérias, redes, máquinas e enxames de material que atuam juntos e afetam fundamentalmente vidas humanas. Entendidas como coletivos animados de uma força autopoética própria, essas montagens vivas tendem a apagar a diferença entre natureza e cultura. Na perspectiva de tal ontologia vibrante, não se pode supor nem o progresso histórico nem a supremacia humana.

O conceito de xenocronia – tempo estranho ou estrangeiro – provavelmente foi cunhado por Frank Zappa, que o empregou para descrever uma técnica de gravação na qual uma seqüência musical é tirada de seu contexto original e incorporada em uma canção diferente. Isto criava uma combinação inesperada de sintonias, intenções e climas de tempo. Segundo o historiador da arte Yann Chateigné, uma historiografia xenocrônica é capaz de indicar referências fora dos eventos correntes e linhas de tempo estabelecidas. Diferentes temporalidades podem ser abarcadas e entrelaçadas, entre o tempo humano e não humano, tempo de máquina e tempo biológico, experiência individual e longue durée, tempo de semente e tempo de flor.

Como dois tipos de pensamento cosmológico, os Dias de Estudo - Santiago aciona ecologias e xenocronia para trabalhar nas fronteiras que separam conhecimento de ignorância, tempo de espaço e transformar um no outro. Como narrativas de coexistência e coevolução que invadem nosso presente, estão alinhadas com o modo como os artistas hoje reavaliam formas de saber, perceber e relacionar.

  

Atividades do programa público

Sábado, 12 de março, auditório do Museo de la Memoria y los Derechos Humanos, de 10h30 às 17h. Tradução simultânea (Inglês para Espanhol – Espanhol para Inglês) disponível. Entrada franca.

 Programa

10:30 Jochen Volz: Boas Vindas

10:45 Lars Bang Larsen: Introdução

11:15 Jacinta Arthur: "Reclamando o Maná: Ontologias, Patrimônio e Repatriação em Rapa Nui”

12:00 Pilar Quinteros: “Sinais de Fumaça”

12:40-13:30 Pausa para o almoço

13:30 Yann Chateigné: 'Asterochronies'

14:15 Pia Lindman: “Talvivaara / Perigo de inverno”

15:00-15:30 Pausa para café

15:30 Macarena Morales: “Imaginario baraditiano: Entre Borges e a Política, o cômico, o mito e a vanguarda”

16:10 Pierre Huyghe: Proteção de tela e conversa

17:00 Comentários finais

Participantes

Jacinta Arthur (Chile, Doutora em Estudos Culturais pela Universidade da California, Los Angeles - UCLA)
Sua pesquisa se concentra em Rapa Nui. Seu projeto de doutorado propõe um estudo da repatriação do patrimônio indígena, que examina como parte dos movimentos de soberania cultural e direitos indígenas. Para além da pesquisa acadêmica, coordena o Programa de Repatriação Rapa Nui, composto com colaboradores Rapanui idosos, tradicionalistas e jovens profissioanis. Foi recentemente professora visitante da UCLA, está prestes a começar uma residência como pesquisadora na Smithsonian Institution.         

Macarena Areco Morales (Doutora em Literatura e profesora assistente, Pontificia Universidade Católica de Chile)
Suas linhas de pesquisa incluem os modos de imaginar e relatar o presente e as representações de futuro na narrativa chilena e latino-americana recente. Seu trabalho implica na análise imanente de narrações e o estabelecimento dos vínculos possíveis existents entre os textos e os desenvolvimentos teóricos pertinentes, assim como os contextos politico culturais e biográficos relacionados.

Pia Lindmann (artista – Finlândia)
Professora na Alvar Aalto University, Helsinki. Formada originalmente em arquitetura, a prática artística de Lindman é interdisciplinar e baseada em pesquisa, “contribuindo para os campos do design, estudos ambientais e arte como prática e pesquisa”. No momento está envolvida na construção de ambientes não tóxicos, pesquisa de culturas de cogumelos e aprendizado e aplicação de técnicas de cura finlandesas pré-científicas. Trabalhou anteriormente com temas xamanistas para uma exposição em Medellín.

Pilar Quinteros (artista – Chile)
Nasceu em 1988 (Santiago, Chile). Graduação em Arte pela Pontificia Universidad Católica de Chile (2011). Ela é cofundadora e membro atuante do coletivo de arte MICH (Museu Internacional do Chile), coletivo multidisciplinar dedicado à geração de projetos reflexivos, espaços artísticos e trabalho de arte. Vencedora da Bolsa Jean-Claude Reynal (2012) para artistas trabalhando em papel, concedida pela Fundação de França e Escola de Belas Artes de Bordeaux. Quinteros é vencedora do terceiro lugar da Bolsa de Arte CCU (2013) e finalista do Prêmio de Arte Geração Futura de 2014, concedido pelo PinchukArtCentre, Kiev.

Pierre Huyghe (artista – França, residindo no Chile)
Pierre Huyghe nasceu em Paris em 1962. Estudou na École Nationale des Arts Décoratifs, Paris. Recebeu o prêmio Hugo Boss em 2002 e  Prêmio Especial da 49a Bienal de Veneza em 2001. Realizou exposições individuais no Moderna Museet, Estocolmo; Centre National d’Art Contemporain, Grenoble; Dia Center for the Arts, Nova York; Centre Georges Pompidou, Paris e Museu de Arte Contemporânea, Chicago. Seus trabalhos têm sido expostos em locais como a Whitechapel Art Gallery, Londres; Documenta 11, Kassel e P.S.1 Center for Contemporary Art, Nova York.

Yann Chateigne (historiador da arte – França)
Historiador da arte e curador, Yann Chateigné é atualmente reitor da Haute école d’art et de design em Genebra. Suas atribuições na escola envolvem também a direção do instituto curatorial e espaço de exposição LiveInYourHead bem como Fieldwork, um programa de pesquisa e residência abrangendo vários locais (Genebra, Nantes e Marfa, Texas). Yann Chateigné é pós-graduado pela École du Louvre em Paris.

  

Dias de Estudo - Santiago, 32ª Bienal de São Paulo: Incerteza viva
12 de março de 2016 • 10h30 - 17h
MMDH - Museo de la Memoria y los derechos humanos
Matucana, 501, Santiago
Metro quinta Normal
Estacionamento subterrâneo público pela rua categral ao chegar a Matucana
Entrada franca